A propósito do Stº António, que é já em Junho...
Ó meu rico Santo António
Meu santinho Milagreiro
Vê se levas o Zé Sócrates
P'ra junto do Sá Carneiro
Se puderes faz um esforço
Porque o caminho é penoso
Aproveita a viagem
E leva o Durão Barroso
Para que tudo corra bem
E porque a viagem entristece
Faz uma limpeza geral
E leva também o PS
Para que não fiquem a rir-se
Os senhores do PSD
Mete-os no mesmo carro
Juntamente com os do PCP
Porque a viagem é cara
E é preciso cultivar as hortas
Para rentabilizar o percurso
Não deixes cá o Paulo Portas
Para ficar tudo limpo
E purificar bem a coisa
Arranja um cantinho
E leva o Jerónimo de Sousa
Como estamos em democracia
Embora não pareça às vezes
Aproveita o transporte
E leva também o Menezes
Se puderes faz esse jeito
Em Maio, mês da maçã
A temperatura está boa
Não te esqueças do Louça
Todos eles são matreiros
E vivem à base de golpes
Faz lá mais um favorzinho
E leva o Santana Lopes
Isto chegou a tal ponto
E vão as coisas tão mal
Que só varrendo esta gente
Se salvará Portugal!
7 comentários:
As pessosas
não estão no mercado
pelo preço das lapelas
Infelizmente, alguém votou nelas...
Depois destes, quem?
Cuidado com as rezas!
Foi assim que surgiu Salazar!
Só quem viveu a repressão, a prisão e a deportação, pode valorizar o que é respirar em liberdade.
Quem nasceu e vive depois, não imagina como foi...
Dar corpo à solidariedade, melhorar as condições de vida dos desprotegidos e dos jovens,é imperioso,mas...nunca esquecer que há sempre um abutre que espreita na sombra...
Estou de acordo consigo, no entanto, o pior dos abutres é aquele que come quando o resto está a ver, e a passar fome. A sátira é um escape para fugir à situação em que nos encontramos no momento. Existe sempre alguém na sombra à espreita para ver o país cair ainda mais, curioso que não haja ninguém para o levantar...por esta altura não teria havido uma dissolução? Mas a vida é assim, um ciclo, se calhar, vai ter que cair ainda mais, para depois se levantar. Se isto, em que votámos é democracia, não me lembro do país estar numa situação assim, num governo que se diz socialista... que pensa nele primeiro e no déficit, enquanto que o povo anda a amargar e a respirar uma liberdade condicionada, mas isto sou só eu.
Gostei da sátira. Realmente por vezes é mesmo isso que apetece; ser um santinho qualquer e juntá-los todos num saquinho...
Contudo, não posso deixar de concordar também com o comentador anterior. Quem viveu a repressão e a sofreu, e teve medo, e foi perseguido e até preso, vive sempre com o espectro do regresso da perda das liberdades fundamentais. É que, embora estejamos a amargar bem, estamos aqui plenamente à vontade a exprimir as nossas opiniões sem medo. Podemos não concordar, criticar e dizê-lo bem alto. E isto não era possível, acredite. Nem uma conversa de café se tinha sem escutas bem próximas.
Donagata, concordo 100% consigo, aliás, nessa altura, o meu pai tinha uma livraria, e na cave guardava livros não sujeitos à censura, onde as pessoas se juntavam de noite, depois de fechar, para ler...nessa altura também, era necessária uma licença para o porte de um miserável isqueiro....e os ajuntamentos na rua eram proibidos...dizer que isso nunca aconteceu, seria o mesmo que dizer que o holocausto nunca sucedera, mas temos que olhar para a frente, que é o caminho. O eterno conformismo português, o "deixa andar", o "pode ser que melhore", o "podia ser bem pior"... vai contra esse espírito de Abril de 74.
Poesia em nome da verdade. Isto sim!
Beijos
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